quarta-feira, 19 de março de 2014

Empresas éticas? Bom ou ruim?

Antes de mais nada, ética organizacional é assunto muito amplo, coisa para vários livros discutindo o assunto. Mas em geral, estamos falando de como uma empresa se relaciona com seus pares: governo, fornecedores, consumidores, comunidade.

Do ponto de vista inicial, qualquer atitude ética é sempre muito bem-vinda. Trabalhei mais de 20 anos como empregado, passamos por todo tipo de dificuldade: prejuízos, congelamento de preços, confisco de dinheiro pelo governo, inflação altíssima.

Mas mantendo a coisa no nível mais simples possível, tudo se resume a um preço de mercadoria que o consumidor aceite pagar. Se eu perguntar assim: "Quer pagar R$20,00 por este produto" é diferente de eu dizer assim "Este produto custa R$20, mas eu cobro R$50 para pagar os meus empregados, impostos e com um lucro para mim mesmo". Enquanto consumidor pouco iremos nos importar se o estabelecimento recolhe os impostos, ou se paga salários dignos aos empregados. E muito menos se importa se a empresa tem lucro ou não. Neste sentido, a postura ética da empresa é unidirecional.

Num mundo em que todas as empresas agissem da mesma forma, seria tranquilo, mas basta uma empresa optar por andar fora do trilho que o mercado todo irá desandar, especialmente nos dias de hoje, onde alguns poucos varejistas começam a dominar amplamente o mercado.

No curto prazo, qualquer empresa está preocupada é em vender. No longo prazo, começa a se preocupar com a imagem, e com eventuais riscos de prisão dos administradores em caso de corrupção ou lavagem de dinheiro. Em menor grau, as empresas podem se preocupar com o futuro dos fornecedores, ou com a qualidade de vida de seus consumidores.

Na empresa onde trabalhei por mais de 20 anos, sou testemunha de que sempre tentamos ser absurdamente éticos. Mas quando a situação aperta, o comportamento da empresa é igual em qualquer lugar. Demitir massivamente empregados, cortar fornecedores da noite para o dia, cobrar clientes por serviços não solicitados, podemos enumerar tantos erros quantos quisermos. Porque o que conta é quanto dinheiro entregamos nas mãos dos acionistas.

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