quarta-feira, 19 de março de 2014

O mundo dos ricos e o mundo dos pobres

Como eu moro e trabalho na periferia de São Paulo, ficou muito fácil perceber o imenso abismo que construímos na Grande São Paulo.

Ao lado de empreendimentos "AAA" como Alphaville e condomínios na Granja Viana, tive chance de andar pela região da periferia de Osasco, Barueri, Jandira e Itapevi. É a diferença entre habitações de R$ 30 mil e R$ 10 milhões.

A nossa economia, como foi constituída, permitiu a criação de dois mundos, um para os afortunados que podem gastar no Shopping Iguatemi ou Cidade Jardim, outro mundo para os sofridos habitantes da periferia, que na verdade mal podem ser vistos como consumidores.

A classe mais rica se fechou e usa seus recursos para comprar saúde, educação e lazer, num mundo a parte. Um mundo onde um plano de assistência médica pode custar mais de R$1.000,00, ou uma consulta médica simples pode custar R$500,00, ou uma mensalidade escolar na faixa de R$2.000,00.

A parte que me preocupa é que todos dependemos uns dos outros. A renda da classe alta é obtida a partir do consumo também das classes mais baixas. Em outras palavras, a renda dos mais ricos tem de ser obtida a partir do consumo das famílias mais pobres.

E não se deixe enganar facilmente. Todo empreendimento luxuoso, como o shopping center, só é construído na medida em que espera-se que as pessoas paguem mais por comprar lá, ou seja, para tirar mais dinheiro do consumidor. Eu não conheço nenhum empreendimento que tenha sido construído com o intuito de oferecer produtos mais baratos, onde o empreendedor ganhe menos. Eu só conheço empreendimentos que foram construídos para vender mais barato a custa de muita sonegação de impostos, casos típicos de regiões como a Galeria Pagé e Shopping 25 de março, onde claramente você vê produtos de origem duvidosa, geralmente vendidos sem nota fiscal.

Em supermercados, por exemplo, todos são extremamente semelhantes, em oferta de produtos e preços. Obviamente os preços são fixados no patamar mais alto. Claramente posso afirmar isto, pois a coisa de 5 anos atrás, minha compra média semanal no Wal-Mart era na faixa de R$100,00, hoje não consigo sair de lá sem pagar pelo menos R$350,00, mesmo tendo cortado um bocado de itens.

Bem, temos a fazer é negar a compra de produtos e lojas que nos exploram sem dó. Fique atento, isto sim, a qualidade dos produtos que você compra.

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